BOAS PRÁTICA DE MODELAGEM EM REVIT PARA QUANTIFICAÇÃO
Atualizado: 16 de out. de 2020
A construção civil na chamada Indústria 4.0 ou quarta Revolução Industrial abre muitas frentes de reflexão e novos desafios. A modelagem da informação da construção (BIM) surge como a alternativa mais promissora nesse contexto. A perspectiva é de que a adoção dessa metodologia no mercado brasileiro seja intensificada nos próximos anos, devido ao decreto federal "do BIM" nº 10.306.
Muito foi escrito sobre quantificação a partir de modelos BIM, especialmente quando comparado ao processo tradicional. Sabe-se que existem inúmeros benefícios nesse processo, mas, para alavancar o BIM completamente, são necessários mais estudos com relação ao fluxo de trabalho e práticas nos processos de modelagem. Uma ação errada nesse estágio pode levar a problemas a ponto de fazer o modelo BIM ser inutilizado.
Nesse sentido, este artigo tem como objetivo expor algumas diretrizes para melhores práticas de modelagem arquitetônica no Autodesk Revit.
Usando os modelos tridimensionais do Autodesk Revit, é possível realizar quantificações de áreas e volumes para famílias de sistemas através de levantamento de material e de elementos unitários, como portas, janelas etc, através das tabelas de quantidades. A quantificação de elementos unitários não será abordada neste artigo, devido à sua baixa complexidade e vasto conhecimento por parte dos usuários.
Para esta explanação fez-se uso de um modelo BIM de um edifício de 23 pavimentos que contém materiais comuns à construção civil no Brasil, como mostra a figura 01.
Algumas características desse modelo, incluindo o uso de mais de um nível nos arquivos, dificultaram o atendimento das demandas de quantificação. No levantamento de material do Revit, especialmente em relação às paredes, não é possível separar os materiais por nível, o que é importante ao integrar-se ao cronograma de gerenciamento da construção.
Vale destacar também que o edifício foi modelado através de arquivos separados e vinculados num arquivo central e as tabelas apresentadas neste artigo não mostram os dados totais, devendo ser entendidas como ilustrativas e não os dados finais levantados de todo edifício.
Outro problema foi sobre os acabamentos das fachadas, que também são utilizados em peitoris, varandas e vigas. No Revit 2020, não é possível modelar a parede na posição horizontal, forçando o modelador a usar o piso ou outra ferramenta horizontal.
Paredes, pisos, tetos e rodapés
A avaliação e quantificação de materiais de parede requer atenção especial, pois representam grande relevância no tempo de modelagem e na quantidade de materiais. O trabalho científico de Chagas (2019) avalia vários fluxos de trabalho com paredes, incluindo uma solução que se tornou muito comum no Brasil, sendo a modelagem por camadas, ou vulgarmente chamadas de “paredes cebola”. Essa alternativa implica em mais tarefas manuais, que por sua vez não refletem os anseios da filosofia BIM. Vale ressaltar que, além do tempo necessário para criar camada por camada, ainda é necessário unir geometria para fazer as aberturas de portas e janelas, além de ajustar a espessura destas que não conseguem acompanhar automaticamente o aumento da espessura da parede com uso de camadas individuais.
A maneira sugerida neste fluxo de trabalho foi primeiro modelar paredes empilhadas, para garantir a altura correta dos materiais, depois dividi-las em paredes básicas e, no final, transformar estas em peças, um comando que permite separar as paredes em camadas com apenas alguns cliques. Vale lembrar que é possível excluir as peças, caso seja necessário fazer alterações nas paredes originais, assim como é possível configurar a vista para mostrar apenas as paredes originais, as peças ou ambas. Esse procedimento, chamado de criação de peças, pode ser usado em outros elementos como pisos, tetos, telhados e sofitos. Com isso é possível unificar vários elementos em uma mesma tabela.
Em relação aos rodapés, é importante observar que a ferramenta de varredura de parede (no painel de construção) atende à necessidade de quantificação por unidade linear, mas aqui vai uma sugestão para melhorar a produtividade: Insira esses elementos na edição da estrutura da parede pela opção varredura de parede porque, ao inserir a parede, o rodapé é modelado automaticamente e, uma vez que as paredes são convertidas em partes, os rodapés são tabulados corretamente. Veja a figura ao lado.
Chapins e bordas de granito
Outro ponto observado diz respeito à modelagem de elementos como chapins (elementos de acabamento de muros) e bordas de granito. No Revit sólidos modelados por um processo de extrusão por caminho, ou seja, aqueles que criam “uma forma 3D extrudando um perfil 2D ao longo do caminho” resultam em quantificação por unidade linear, não sendo possível tabular suas áreas. Por sua vez, a ferramenta sofito de telhado pode ser quantificada por área. Portanto, é benéfico escolher a ferramenta de acordo com a unidade que você deseja tabular.
O sofito é uma subcategoria de telhado, que permite a inserção de camadas, pode ser quantificada individualmente e também pode ser convertida em peças; por esse motivo, podemos usá-lo para modelar peitoris, vigas de acabamento ou outros elementos cuja quantificação é desejada por metro quadrado. Na figura ao lado, é possível visualizar uma edição de um tipo de sofito com suas camadas.
Soleiras e bancadas
Em relação às soleiras e bancadas, para sua correta quantificação por área, vale a pena recorrer à criação de uma família aninhada compartilhada. De acordo com o guia do Autodesk Revit, uma família aninhada é aquela que se encaixa em outra família como um componente, destacando ainda que “se você precisar que os componentes da família aninhada sejam identificados e colocados na mesa individualmente, verifique se cada família foi carregada na família anfitriã. é compartilhado". Dessa maneira, é possível quantificá-los separadamente e também tabular suas medidas e área de acordo com as figuras a seguir.
Outro ponto relevante é a possibilidade de criar o parâmetro de visibilidade indicando se a porta tem ou não uma soleira, veja a figura ao lado. Essa ação permite remover ou substituir uma família aninhada na tabela e no modelo de modo simples e rápido.
Assim como as soleiras, as bancadas também representam um desafio para a tabulação de dados, pois não apenas a base da bancada,
mas também as suas partes devem ser quantificadas por área como respaldos e saias. Por padrão, o programa Autodesk Revit tabula apenas os parâmetros nativos do modelo de família, no caso da categoria de componente de gabinete são tabulados automaticamente a largura, a altura e a profundidade da base.
Sugere-se para bancadas também o uso do parâmetro de visibilidade,
e a criação de famílias aninhadas e compartilhadas para criar esses detalhes, uma para os respaldos e a segunda para as saias, todos com o respectivo parâmetro de visibilidade associado. Veja as figuras ao lado.
Verificação dos dados
Uma fase importante para a assertividade dos dados é a checagem e verificação dos dados. Para isso, são sugeridos dois mecanismos básicos: Tabelas de conferência e modelos de vista com filtros que separam elementos. As tabelas de conferência fornecem a quantidade de material de parede, piso e teto e a tabela de peças para comparação de materiais. Além disso, outras tabelas foram criadas, como mostra o navegador do projeto na figura a seguir.
A criação de tabelas de conferência permitiu identificar algumas conclusões sobre a modelagem, através da visualização da diferença percentual da tabela de quantidades de peças e do levantamento de material da parede.
A comparação do percentual de erro ajudou a identificar limitações das ferramentas e incongruências com o fluxo de trabalho proposto, sendo, portanto, decisivo para sugerir algumas ações como a não utilização de camadas de membrana nas paredes e da ferramenta de pintura.
O outro mecanismo de verificação usado neste estudo foi a criação de modelos de vistas que ajudaram a rastrear e classificar as peças de acordo com a solicitação de orçamento, especialmente as classificações dos elementos da parede. Nas figuras abaixo são exibidos os modelos de vistas criados para rastrear as peças de acordo com a classificação desejada. As cores são conforme as classes: "pastilhas", "substratos", "alvenarias" e "outros revestimentos" respectivamente
Como conclusão deste estudo, vale destacar o uso da ferramenta de peças na modelagem de paredes, pisos, rodapés e tetos, o que contribui para o aumento da produtividade na modelagem, mantendo a assertividade dos dados das paredes empilhadas que por sua vez permitem um nível de detalhamento maior da modelagem de materiais nas paredes. Um ponto primordial é que as peças não sejam manipuladas, o que possibilita a comparação das quantidades com o levantamento de materiais de paredes originais. Essa conduta contribui para verificação das quantidades e por isso, pode ser considerado ponto chave no fluxo de trabalho proposto.
Outro ponto relevante é a importância de se realizarem pesquisas adicionais sobre as implicações do uso de peças no planejamento da obra, analisando o comportamento desses elementos em outros softwares BIM, como por exemplo o Autodesk Navisworks, o qual possibilita realizar simulações da obra através de uma modelagem pré-existente.
Por fim, destaca-se também o uso de famílias aninhadas compartilhadas para o levantamento preciso de dados primários das dimensões de detalhes de bancadas e de soleiras. Esse procedimento mitiga os erros oriundos das inserções manuais de dados.
Nota: Todas as figuras tem como fonte o Quatre Ensino Especializado, 2020.
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